Expor belos poemas!
Domingo, 8 de Novembro de 2009
OLHANDO O TEJO!!!

 

 

 

 

 

  Rebanhos além monte ela guardava,

       Seu canto me vem no vento trazido

  E uma ânsia pela sua mágoa

       Enche o que em mim é indefinido.

 

                        II

 

  Lagos de espírito murados de rochas

        Dormem no vazio da sua toada,

  A sua nudez ali se demora

       A reflectir na sombra salpicada.

 

                       III

 

  Mas o que há de real em tudo isto

        É a minha alma, a tarde, o cais somente

  E, como sombra dos meus sonhos disto,

       A dor em mim de nova dor se sente.

 

                       IV

 

  Mas o que é ela que traz o pesar?

         E o que há nela que o pesar desvanece?

  Que rasto de amor é este bem-estar

        Que segue o seu trilho se desaparece?

 

                         V

 

   Lírios há entre corações e mãos.

        A vida é pequena ao pé do luar.

  Mas movam-se um pouco as árvores que estão

        E logo se espera que ela vá voltar...

 

                FERNANDO PESSOA

                     (1888 - 1935)

 

                         

 

 

 

 

          


música: Mta música e mta alegria tb
sinto-me: Voltei...

publicado por pazoutonal às 23:33
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Segunda-feira, 13 de Abril de 2009
Fernando Pessoa

                

 

 

 

  

           « Tenho pensamentos

        que se pudesse revelá-los

        e fazê-los viver,

        acrescentariam nova

        luminosidade às estrelas,

        nova beleza ao mundo e

        maior amor ao coração

        dos homens! »

        Fernando Pessoa

 

 

       ana/eu!

        
       

música: <vangellis
sinto-me: Bem disposta

publicado por pazoutonal às 03:00
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Domingo, 5 de Abril de 2009
Andrea Bocelli


publicado por pazoutonal às 23:02
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António Gedeão...
 
                                             
 
 
 
 
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
Como bola colorida
entre as mãos de uma criança
 
António Gedeão
   

  ana/eu!

   

   

   


sinto-me: Bem
música: Pedra Filosofal

publicado por pazoutonal às 22:18
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Quinta-feira, 2 de Abril de 2009
ELAS-As mulheres trabalhadoras como é óbvio!



publicado por pazoutonal às 00:38
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ELAS-As mulheres trabalhadoras como é óbvio!

ELAS (excerto)

 

Elas fizeram greves de braços caídos.

Elas brigaram em casa para ir ao Sindicato e à Junta.

Elas gritaram à vizinha que era fascista.

Elas souberam dizer salário igual e creches e cantinas.

Elas vieram para a rua de encarnado.

Elas foram pedir para ali uma estrada e canos de água.

Elas gritaram muito.

Elas encheram as ruas de cravos.

Elas disseram à mãe e à sogra que isso era dantes.

Elas trouxeram alento e sopa aos quartéis e à rua.

Elas foram para as portas de armas com os filhos ao colo.

Elas ouviram falar de uma grande mudança que ia entrar pelas casas.

Elas choraram no cais agarradas aos filhos que vinham da guerra.

Elas choraram de ver o pai a guerrear com o filho.

Elas tiveram medo e foram e não foram.

Elas aprenderam a mexer nos livros de contas e nas alfaias das herdades abandonadas.

Elas dobraram em quatro um papel que levava dentro uma cruzinha laboriosa.

Elas sentaram-se a falar à roda de uma mesa a ver como podia ser sem os patrões.

Elas levantaram um braço nas grandes assembleias.

Elas costuraram bandeiras e bordaram a fio amarelo pequenas foices e martelos.

Elas disseram à mãe, segure-me aqui os cachopos, senhora, que a gente vai de camioneta

a Lisboa dizer-lhes como é.

Elas vieram dos arrabaldes com o fogão à cabeça ocupar uma parte de casa fechada.

Elas estenderam roupa a cantar com as armas que temos na mão.

Elas diziam tu às pessoas com estudos e aos outros homens.                                                                

Elas iam e não sabiam para onde, mas iam.

Elas acendem o lume.

Elas cortam o pão e aquecem o café esfriado.

São elas que acordam pela manhã as bestas, os homens e as crianças adormecidas.

 

Maria Velho da Costa

 

  ana/eu!


música: Sempre Música e mta música
sinto-me: Voltei...

publicado por pazoutonal às 00:12
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Terça-feira, 17 de Março de 2009
Súplica... Miguel Torga

 

 

 

 

 

 

 

 

     Súplica

   Agora que o silêncio é um mar sem ondas,

   E que nele posso navegar sem rumo

   Não respondas

   Às urgentes perguntas

   Que te fiz,

   Deixa-me ser feliz

   Assim,

   Já tão longe de ti como de mim.

 

                       II

 

   Perde-se a vida a desejá-la tanto,

   Só soubemos sofrer, enquanto

   O nosso amor

   Durou.

   Mas o tempo passou,

   Há calmaria...

   Não perturbes a paz que me foi dada,

   Ouvir de novo a tua voz seria

   Matar a sede com água salgada.

  

   Miguel Torga

 

 

                                     ana/eu!

  

  

       


sinto-me: Olá sapinho amigo...
música: Sempre mta música e tb mta alegria

publicado por pazoutonal às 01:12
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Segunda-feira, 9 de Março de 2009
Começo - Miguel Torga

                                                                                         

                                       

                                                                                   

                                                                                            

 

 

 

  COMEÇO

  Magoei os pés no chão onde nasci.

  Cilícios de raivosa hostilidade

  Abriram golpes na fragilidade

  De criatura

  Que não pude deixar de ser um dia

  Com lágrimas, de pasmo e de amargura

  Paguei à terra o pão que lhe pedia.

 

  Comprei a consciência do que sou

  Homem de trocas com a natureza.

  Fera sentada à mesa

  Depois de ter escoado o coração

  Na incerteza

  De comer o suor que semeou,

  Varejou,

  E, dobrada de lírica tristeza,

  Carregou!

 

  Miguel Torga

 

    ana/eu!

 

 

 

    

   

 

 

   

 

 

   

     

   

        

   

    

       

    

    

 

 

    

    

 

 


sinto-me: TRISTE!!!
música: Sempre mta música

publicado por pazoutonal às 01:40
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Domingo, 18 de Janeiro de 2009
Aurora... Adolfo C.Monteiro

 

          AURORA

 

      A poesia não é voz -- é uma inflexão.

       Dizer, diz tudo a prosa. No verso

       nada se acrescenta a nada, somente

       um jeito impalpável dá figura

     ao sonho de cada um, expectativa

       das formas por achar. No verso nasce

         à palavra uma verdade que não acha

       entre os escombros da prosa o seu caminho.

     E aos homens um sentido que não há

    nos gestos nem nas coisas.

   ...

 

    Voo sem pássaro dentro.

 

   Adolfo Casais Monteiro

 

 

ana/eu!

 

  

                       

 

 

                                         

                    

 

 

                                                     

 

                                                

 

                                                                                                

 

                                                                                          

sinto-me: Sempre bem c/o sapinho
música: Mta. Música sempre Música!

publicado por pazoutonal às 00:59
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Quinta-feira, 18 de Dezembro de 2008
...

                    

 

 

          ACTO DE CONTRIÇÃO!

                            Pelo que não fiz, perdão!

                           Pelo tempo que vi, parado,

                           correr chamando por mim,

                             pelos enganos que talvez

                          poupando me empobreceram,

                         pelas esperanças que não tive

                             e os sonhos que somente

                              sonhando julguei viver,

                           pelos olhares amortalhados

                           na cinza de sóis que apaguei

                           com riscos de quem já sabe,

                               por todos os desvarios

                           que nem cheguei a conceber,

                            pelos risos,  pelas lágrimas,

                            pelos beijos e mais coisas,

                           que sem dó de mim malogrei,

 

                             - Por tudo,  Vida, perdão! 

                                

                         ADOLFO CASAIS MONTEIRO

 

 

                                            

 

                                              

 

       ana/eu!       

                                            

           
 
                                        

sinto-me: Na companhia do Sapinho
música: Viva a Música

publicado por pazoutonal às 00:55
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